sábado, 21 de novembro de 2009

Uma tribuna para o povo

(Homenagem ao Cinform, representando toda a imprensa)

A quem a democracia inspirou? Quem sentiu um arrebatamento no peito por um ideal nobre? Ou quem amou a justiça em momentos de ímpetos sublimes, qual paixão juvenil (mas que ficou?). Olho e vejo um Dom Quixote com ares de modernidade a lutar contra vilões reais, enquanto outras pessoas meneiam a cabeça ou olham com desdém: “louco, tolo...” Pensam.

Triste ironia ou sorte cruel, esses mesmos que o criticam um dia – pelo menos um dia, tiveram a honra de sonhar os mesmos sonhos no mais genuíno, autêntico sentimento de patriotismo, civilidade, humanidade que torna o homem digno, em busca do essencial. Hoje se omitem fascinados pelas luzes fáceis, artificiais que não iluminam de verdade, mas deixam uma penumbra envolta em uma aura de falsa decência.

Ele (Dom Quixote) vive de palavras – e palavras são vida. Elas expressam todos os sentimentos, emoções, experiências e, fortuitamente, revelam segredos do coração. E mais que isso: quando usadas com coragem, impulsionadas pela indignação ou simplesmente pelo dever, produzem efeitos, invocam ações, mobilizam pessoas e instituições gerando justiça, quando possível, ou manifestando a injustiça encoberta.

Espinhosa missão. Deturpada por uns, subestimada por outros, porém cale-se e dentro de uma sociedade que será ilimitadamente oprimida, as pedras clamarão.

Só quem não tem a consciência cauterizada pode medir – nos seus integrantes, o grau de desprendimento do pessoal, do conveniente em favor do coletivo. Eu aprendi uma grande lição ao lhe observar melhor. Para mim tu és um dos reflexos da esperança social, instrutor de causas nobres (que vivenciamos – e não que teorizamos – no dia a dia), convertedor de pensamentos que, por consequência de fatores contrários, estavam desgarrados do legítimo Estado de direito, alma sublime da democracia. Outra palavra não fictícia, mas viva, real.

Tu geras algo que é contrário das palavras individualismo, inconsciência, material. Mas eu prefiro não dizer na esperança de que cada um, de si, o decifre.

Autor: Alberto Magalhães


(Publicado no Jornal Cinform em 27 de fevereiro de 1995)

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