sábado, 14 de maio de 2011

Um alguém

Para me fazer rir sempre. Para dormir enroscada comigo. Para dizer que se sente segura ao meu lado. Para ser capaz de andar comigo no teleférico, mesmo tendo medo de altura. Para, de vez em quando, bisbilhotar o meu celular, bolsos e pasta. Para dizer: “se eu te pegar com outra, eu te deixo”. Para fazer os meus gostos nas horas certas. Para fazer eu me sentir a pessoa mais importante do seu mundo, mesmo que este seja modesto. Para se despedir com um: “cuidado!...” e me receber de volta com um simples e carinhoso abraço. Que tenha o prazer de me esperar para almoçar comigo, quando a fome não for enorme. Que eu seja o seu único e exclusivo amor, mesmo não tendo sido o primeiro. Que se aflija no dia em que eu tiver forte febre e seja a minha enfermeira. Que no dia em que, por algum motivo, se decepcione comigo seja capaz de apenas dizer: "a partir de hoje eu não vou mais amar você". E, se depois eu trocar tudo pelo seu amor, ouvir: “eu vou dar a nós dois uma chance”. Que esconda as minhas falhas da minha – e da sua - família. Que goste dos que eu gosto e despreze os que eu não gosto. Que me deixe enxugar a sua lágrima que eu fiz cair. Que, carinhosamente, atribua a mim os pequenos defeitos do nosso filho. Que, só comigo e com os que me amam, ria das minhas gafes. Alguém que seja capaz de me dizer as verdades que eu preciso ouvir, sem me fazer sentir-me um caso perdido. Que, silenciosamente, espere receber tudo isso de volta.

Alberto Magalhães