domingo, 29 de janeiro de 2012

Conte-me sobre você


(para quem estiver pensando em fazer a tolice de se separar de alguém importante)

Conte-me coisas boas a seu respeito. Que você está bem, quase feliz. Conte-me que está se ocupando com algo de que gosta de fazer. Que passeia e se diverte. Que tem amigos leais. Que alguém lhe ama especialmente. Que se lembra dos bons momentos que tivemos, e dos engraçados, e sorri.

Conte-me coisas boas que têm lhe acontecido, as ruins deixe no mar do esquecimento. Não posso mais lhe confortar. Quero lhe imaginar sempre de semblante tranquilo e sorriso no rosto. Com cabelos ao sabor do vento e um batom suave nos lábios. E quase sempre com aqueles olhares de menina sapeca, que disfarçam seus trinta anos de vida.

Conte-me que no natal passado mandou-me um cartão de boas festas e que não chegou por culpa do carteiro. Que numa das suas orações se lembrou de mim para me abençoar. Que várias pessoas das suas novas amizades, embora nunca tenham me visto, conhecem-me de lhe ouvir falar. Mais as minhas virtudes que minhas falhas. Que pensou por várias vezes em voltar, mas sabe que o seu espaço já está ocupado, mesmo que não no coração, que sempre terá você num cantinho sagrado, a dizer quanto foi – e é e será -, importante.

Conte-me que um dia desses sonhou que se encontrava comigo, cada um com uma dezena de filhos ao redor e que brincavam juntos, como se fossem todos irmãos, os filhos que juntos não tivemos pela desistência mútua de se entender.

Conte-me que há muito já me perdoou e que se pudesse voltar no tempo nunca teria partido. Que eu lhe direi que você nunca partiu de verdade, que está bem viva aqui em algum lugar dentro de mim a esperar a porta se abrir completamente para então tomar conta de tudo.

Alberto Magalhães