sábado, 2 de outubro de 2010

Carta a uma amor que se perdeu

O final de um namoro é sempre triste, pelo amor que se foi, e sempre bonito pelas lembranças que ficam. Pena que nem sempre podemos dizer isso do nosso.
E o que dizer de um namoro bloqueado por ordens superiores à razão, vindas de um passado marcado por fantasmas?
E o que dizer de um amor que por, culpa desses fantasmas, permaneceu preso, enclausurado dentro do peito, como se houvesse o temor de deixá-lo escapulir e, assim, tomar conta de tudo?
Posso chamar a isso de covardia? Não, nessa carta não cabem críticas. Afinal,  essa é uma carta de amor e, apesar de tudo, ele  ainda está vivo. Tão vivo que neste exato momento percorre todo o meu corpo e, aquecido, imagino você sorrindo. Nunca lhe disse quanto o seu sorriso é bonito? E por ser raro era, por mim, não só visto como sentido?
Nunca lhe disse que o seu ar de menina  sempre me comovia ao ponto de querer um beijo, cada vez? Em cada sorriso feliz, ou em cada olhar triste? É, não lhe disse tanta coisa! Nem eu podia revelar. Havia aquela parede sempre presente entre nós e o futuro. E, até então, eu não sabia que ela nos separaria definitivamente.
Mágoa...? Enorme! Aquela que se arrasta pegajosa pelas entranhas, inundando todos os cantos do ser. Mas não exatamente de você. Estou agora como que diante de uma porta que se fechou à minha frente, num lugar deserto, sem a chave para abrí-la. Estou sentado ao lado de mim mesmo  como se tivesse contemplando outra pessoa. Essa pessoa que mergulhou de cabeça e corpo num sentimento tão grande, numa alegria invasiva e que agora nem chorar sabe.
Mesmo assim uma latente dor  ataca impiedosamente quando se percebe que a realidade não é reversível. E a única realidade que vale é aquela que foi contada. Que ironia! Já pensou que a realidade que você vive pode ser uma mentira, mas o que importa é que seja a verdade de todos? E a sua verdade quando viverá? Quando deixará de ser o conveniente para ser o eu pleno?
Um dia eu escrevi: “Tornei o seu mundo meu e cativarei todos os nossos maus momentos com flores, para que eles escolham como moradia a minha pessoa e não a sua. Mas isso não foi possível.
Em nome do amor que eu sinto por você, só me resta torcer para que um dia, "por coincidência", o que for decidido faça par com o seu coração.

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